segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

era uma vez na serra


E não é que há um pouco do tocador de gaitinha de boca em cada um de nós? O personagem magistral de Charles Bronson, em Era uma vez no oeste, sempre respinga aqui e ali.

As motivações do regresso podem não ser sempre o acerto de contas, como no caso do "Harmônica", mas podem dar claros sinais do que significa dar um retoque na identidade.

p.s.: ao clicar no link do Era uma vez no oeste saber-se-á do desfecho. Ou, como se diz na pós-modernidade, contém altas doses de spoiler.


sexta-feira, 28 de agosto de 2009

DJs e a provável morte da música depois do coice

Ó, pra quem acha que o mundo vai acabar depois da era dos DJs, segue um videozinho biito pra vocês curtirem a piada que a DJEIZADA anda fazendo comigo e contigo.



P.s.: o Jorge, DJ Mono está no clipe. Prestem bem atenção.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

CINE URUGUAIO NA UCS

Já ouviu falar do Federico. Não o Fellini, que por sinal me gusta mucho, mas falo de outro Federico, o Lemos. Pois bem, Federico Lemos é jornalista e assim como tantos outros jornalistas, depois que bebeu da cachaça do cinema não largou mais.

Tu tens uma ótima oportunidade de conhecer melhor o Federico. E pode ser nesta quarta-feira, dia 26. O cara vem pra Caxias trazendo na garupa o documentário La Matinée. Na tela, um tapa na história do Uruguai a partir de uma das manifestações mais papulares, a murga, uma espécie de Carnaval de nuestros hermanos.

Resumo da notícia (risos), essa é pra preguiçoso ler: A exibição de La Matinée ocorre nesta quarta-feira, às 20h, no UCS Cinema. Ah, e tem debate depois viu.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

DeRosianas

Eis mais uma DeRosiana notícia. E sempre com boa música e um toque refinado de ESCRACHO!

Te liga aí no que o guitarrista Marcos De Ros, que é assessor de imprensa, RP e videasta nas horas vagas, escreveu sobre seu próprio espetáculo.


O guitarrista Marcos De Ros, juntamente ao pianista Éder Bergozza, estão lançando seu novo projeto, “Peças de Bravura!” que já foi aprovado pela lei de incentivo “Fundoprocultura”, de Caxias do Sul.

O “Peças de Bravura!” consiste na execução, na guitarra e piano, de peças compostas pelo guitarrista justamente para esse concerto. São musicas inéditas que levam a marca do erudito e virtuosismo, mas também são cheias de referências Brasileiras, como Choro, Baião, Samba e Milonga, entre outros.

“Peças de Bravura!” é a versão em Português para o termo Francês “Pièce de Résistance”.

A tônica do show “Peças de Bravura!”, além da música em si, se dá também pela explicação do porque dos nomes engraçados das músicas (Dança da Lagartixa, A Vingança do “seu” Madruga, Corrida de Calango, etc...) e da performance divertida e “alto-astral” que caracteriza os trabalhos da dupla.

Outro ponto de grande destaque fica por conta dos malabarismos musicais que as composições exigem dos interpretes, que tocam praticamente no limite de sua técnica e musicalidade.

Um espetáculo que resgata a “Ars gratia artis” (arte pela arte), onde a música, com uma orquestração simplificada, quase minimalista, num diálogo de apenas dois instrumentos, consegue captar e transmitir emoções, numa troca quase frenética de energia entre os instrumentistas e sua platéia.

Este espetáculo será gravado e lançado em DVD!


“Peças de Bravura!”

Casa da Cultura de Caxias do Sul

09 e 10 de setembro de 2009, 20:00 horas

Gravação do DVD.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

bastidores

* Há zumzum da mídia gaúcha para levantar ainda mais a moral do filme Em Teu Nome, de Paulo Nascimento. E não é nada velado, não. Notas favoráveis têm como objetivo ajudar a conduzir o filme além do Mampituba.

* 2009 é o ano do fortalecimento da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Dois membros estão no Júri da Crítica, os jornalistas Ivonete Pinto e Daniel Feix.

* Briga boa e engraçada de ver de fora é a disputa pelo brilho dos holofotes no tapete vermelho. Na verdade, a briga é entre as emissoras Globo/RBS e Rede Record para ver quem expõe mais seus “astros”.

* Tem cambista vendendo ingresso para o festival. O preço médio é de R$ 50, mas quem compra pela internet tem um acréscimo de R$ 8,50. Lá fora o cambista vende por R$ 90, mas na pechincha sai por R$ 50. O cambista está querendo no mínimo empatar a despesa. É que até agora, pouca gente interessada em comprar ingresso.

* Comenta-se a boca pequena que o bom trabalho feito pela Web TV Soluções, de Caxias do Sul, como televisão oficial do festival pode render a renovação do contrato para 2010.

* É o preço da fama. Assessoria da Xuxa parece não ter gostado do tom das notas dadas à rainha dos baixinhos nos blogs do ClicRBS, empresa afiliada à Rede Globo.

Depois do furacão, a sutileza desvairada

Depois do furacão Xuxa, vem a calmaria. Sai a histeria, o ilariê, o flash que ofusca, e entra a sutileza desvairada, o olhar que desvela toda sorte de cafajestes e revela um sentimento profundo de entender a vida através da janela da alma. Sai a Xuxa e sua trupe de eternos baixinhos, e entra em cena, no palco do Festival de Cinema de Gramado, um dos diretores mais importantes do cinema brasileiro, o moçambicano Ruy Guerra.

Ruy Guerra será homenageado com o prêmio Kikito de Cristal, hoje à noite, no Palácio dos Festivais. É uma graça pelo conjunto da obra, por sua relevância na produção de filmes que dão conta de dar uma cara à cinematografia brasileira. Guerra é um dos responsáveis pela revolução do cinema novo, cujo principal objetivo era revelar que Brasil é esse, suas contradições e dilemas. Movimento que tomou corpo e que vez ou outra ainda faz brotar referências América do Sul afora.

Esse olhar de Ruy Guerra, voltado às contradições, é a cara do cinema Brasileiro. Se na Argentina o filme mais visto em 2008 foi Ninho Vazio, de Daniel Burman, uma produção que retrata com sutileza a relação de uma família, mas sem tropeçar em qualquer estereótipo, aqui no Brasil temos justamente o inverso. Temos um filme como Se eu Fosse Você 2, como a maior bilheteria do ano. Felizmente, filmes como Se eu Fosse Você não vêm a Gramado.

E pior, o tapete vermelho não recebe sequer as “estrelas” (veja bem, entre aspas) que estão com suas faces estampadas nos filmes de maior bilheteria. Gramado expõe no tapete atores, que em sua maioria, estão na berlinda-temporária, superexpostos nas novelas das suas emissoras (aliás, que deliciosa briga essa da Globo/RBS e Rede Record).

Enquanto isso, lá dentro da sala escura, um público ainda tímido, com lotação média de apenas a metade da capacidade, assiste a uma boa seleta de filmes em longa-metragem. Nas sessões da noite, que contemplam os filmes brasileiros e estrangeiros em competição, destaque para La Teta Asustada, co-produção Peru/Espanha, da cineasta Claudia Llosa. O filme já tem na bagagem o peso de um Urso de Ouro, no Festival de Berlin deste ano.

Dentre os brasileiros, destaque para doc-arte inspirado na vida do artista plástico Cildo e o doc-investigação Corumbiara, sobre o massacre de índios em Roraima. Mas o filme brazuca mais comentado ainda é Canção de Baal. A diretora Helena Ignez tomou porrada e carinho no debate na manhã seguinte da exibição. Seu cinema de poesia, de risco, que deflora a inocência com um punhado de ousadia é o bálsamo nesse festival de contradições.

Hoje na tela do Palácio dos Festivais, mais dois filmes que prometem brigar pelo tão sonhado título de melhor filme de Gramado. O uruguaio Gigante, de Adrian Biniez, que revela a obsessão de um relacionamento entre um segurança e a mulher da limpeza de um supermercado, chega com a chancela do prêmio Urso de Prata, no Festival de Berlin. No lado brazuca, é aguardada com ansiedade a exibição de Corpos Selestes, de Marcos Jorge (diretor de Estômago) e Fernando Severo. O filme discorre sobre as diferenças de temperamento de um casal. Mas tudo isso sob a ótica de um astrônomo.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

coisa de cinema

Mas olha só, nem tudo é quase um filme nessa selva de Gramado.

"Memórias do Subdesenvolvimento" salvou a noite. O filme de Tomás Gutiérrez Alea, lançado em 1968 é um delicioso tapa de luva. Coloca em xeque a própria condição de Cuba como revolucionária. Mas de que e para onde - e sobretudo - por quem.

Numa primeira leitura, nem tão superficial assim, é possível identificar umas pitadas de Godard nessa película. O personagem principal não vive, ele desfila. O cara é separado, vive da renda de aluguéis e se envolveu com uma menina de 16 aninhos. Na real, ele é tudo o que o GOBIERNO REVOLUCIONÁRIO de Cuba mais odiava. Porque o cara é sensível à liberdade. Ah, essa última frase contém ironia, tá.

Mas sabe onde o filme desagua? Desagua numa teoria que é ponto central pra compreensão do flime. O nosso amigo protagonista reclama da jovem menina. Ela é gostosa e sediciosa. Tá, até aí, tudo bem. Mas o protagonista fica entediado porque ele queria uma mulher mais européia e menos caribenha. Para ele, a menina é a personificação de Cuba. Cuba subdesenvolvida.

Porque a menina é só sorrisos, quase nada de seriedade, é inconsequente, e além de tudo, não está preocupada com a questão cultural. Para o protagonista esses traços fazem de Cuba um eterno país subdesenvolvido. Porque seu povo é assim.

E qualquer semelhança com outro país das Américas aqui de baixo, dos latinos, NÃO é mera coincidência.

de gramado - primeiras impressões

E então, tava demorando, né! Mas tô aqui, mais uma vez, na selva de Gramado. Vim pra encarar mais uma edição do Festival de Cinema de Gramado. Como escrevi no Tempo Todo, de sexta-feira, vai ser um duelo de cinema no tapete vermelho.

De um lado o fricote, o ti-ti-ti, o nhénhénhé de estrelas famosas e decadentes, de outro, o cinema, boa seleta de filmes, e a confirmação do que foi plantado em 2006. Plantio, aliás, muito bem-vindo depois da terra arrasada que o festival havia se tornado.

Felizmente, Sérgio Sanz e Carlos Avellar andam espantando a mesmice de Gramado. MÃS...(sim, com acento, pra ENFATIZAR a asneira que vou dizer) sempre tem espaço pra um filme-bobagem, sem pé nem cabeça. Tá, mas o importante é ter gaúcho na competição. Então tá valendo.

Só pra deixar mais explícito. Escrevo sobre o novo filme do Sérgio Silva: "Quase um tango". Que muita gente malvada anda chamando de "Quase um filme". Ironia pouca é bobagem.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Aguerrido, mas sem perder a ternura

Seu Ivo carrega a simplicidade até no nome. Batizado como Ivo Chies, esse senhor de 82 anos, nascido em Montenegro, é uma das pessoas mais conhecidas de Areias Brancas. Seu Ivo já foi até presidente da Sociedade Amigos de Areias Brancas (SAAB). Na sua gestão, jogar bingo virou a mania da praia. Pela família é conhecido como o tio querido e simpático. Mas se for preciso Seu Ivo bate na mesa e silencia a histeria. É fiel aos princípios, herança de uma educação rígida e disciplinada, mas nem por isso resiste aos avanços da tecnologia.

Admire-se. Seu Ivo tem celular, e-mail e messenger. Comunica-se através do skype e da webcam com a neta Ana Leonor, que mora na Holanda. Não foi fácil, reconhece, mas nada que umas aulas particulares não compensassem a falta de destreza no manuseio do computador. Até o blog de um sobrinho ele anda lendo. Esse é o Seu Ivo, carrega a juventude sob os ombros de um senhor irrequieto, amável e brincalhão. Ultimamente anda sentindo uma dorzinha chata numa das pernas, mas nada que uma caminhada até a beira do mar ou uma prosa com os vizinhos não resolva.

Sua memória guarda lembranças tão fortes das diversas fases da sua vida que às vezes se tem a impressão de quem ele inventa tudo. Mas é impossível ter inventado todas essas histórias, porque a riqueza de detalhes nos lança para dentro do seu baú de memórias. Ouvi-lo é como percorrer a cena de um filme sem ser reconhecido pela platéia. Quando fala da primeira viagem ao Litoral, em 1952, parece que estamos sentados ao seu lado, no velho ônibus que partiu de Caxias do Sul, parou em Porto Alegre, “ali na Paineira”, e depois seguiu seu rumo em direção a Torres “pela beira do mar”. “O ônibus esperava a onda e depois seguia viagem”, recorda.

Aventura – Ir à praia entre os anos 50 e 70 era como desbravar o desconhecido. Os corajosos tinham de enfrentar a má condição das estradas, o barro ou poeira (dependendo se tinha chovido ou não), a falta de sinalização, as crianças ansiosas dentro do carro, a bagagem que se perdia no caminho (conforme o solavanco), e claro, o inevitável atoleiro. Tudo isso, para chegar às praias do Litoral Norte, e encontrar o que? Nada, absolutamente nada além de areia, mar e calmaria.

“Aqui em Areias Brancas só tinha o armazém do Fulcher e o Hotel Peteffi. O Fulcher tinha o armazém, mas era ainda barbeiro, farmacêutico, parteiro, e construiu a casa do meu pai aqui na praia. A gente chamava ele de João Faz Tudo. Porque não tinha coisa que ele não fizesse”, revela Ivo, sorrindo. A casa a que Seu Ivo se refere foi uma das primeiras construções de alvenaria de Areias Brancas e ainda está de pé. “Eu e meus irmãos usávamos a casa por apenas 20 dias cada um”, lembra.

Crescimento – Seu Ivo conta que no início dos anos 70, quando a casa do pai ficou pronta, dava para ver o mar ao abrir a porta. Hoje não mais, porque o descampado de ontem agora é ocupado por dezenas e dezenas de casas. “Não é de hoje que essa praia cresceu. Anos antes de a Rota do Sol ficar pronta, quando o governo do estado passou a dar mais atenção à rodovia, o preço dos terrenos aqui em Areias Brancas subiu. Passou de R$ 20 mil para R$ 50 mil”, explica.

O aumento dos terrenos acompanhava uma outra tendência, de um crescente aumento do número de freqüentadores das praias de Arroio do Sal e Areias Brancas. No entanto, esse crescimento ainda não foi suficiente para resolver questões como a limpeza e iluminação das ruas, ou ainda, a ampliação do horário de atendimento dos restaurantes e supermercados.

Emoção – Seu Ivo não percorreu ainda a Rota do Sol depois de concluída. Mas não esconde a curiosidade, parece só esperar pelo convite de alguém que o conduza estrada adentro. Porque uma vez estradeiro, estradeiro para sempre. Seu Ivo já morou em Caxias, Novo Hamburgo, Porto Alegre e Pelotas. Naquela época, não se incomodava em ter de pegar a estrada saindo de Porto Alegre rumo ao sul do estado.

Mas quando perguntado se repetiria a dose daquela época de desbravador, em que precisava enfrentar com uma boa dose de coragem as intempéries de uma viagem ao litoral, Seu Ivo responde: “Hoje eu não faria isso. De jeito nenhum. Mas naquele tempo a gente fazia tudo aquilo pra vir a praia e se divertia”, conta, com um sorriso encantador e os olhos marejados de lágrima.